Professora da Uniube estuda protozoário responsável por doença intestinal em humanos e animais em parceria com ONGs | Acontece na Uniube

Professora da Uniube estuda protozoário responsável por doença intestinal em humanos e animais em parceria com ONGs

15 de junho de 22
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Doutorado em Medicina Tropical e Infectologia é realizado na UFTM e conta com a coorientação de pesquisadores da Uniube


Carolina Oliveira


Professora do curso de Medicina Veterinária da Uniube, Cleibiane Evangelista Franco Borges, sob a orientação da médica veterinária e doutora, Márcia Benedita, e coorientação dos médicos veterinários, professores e pesquisadores do mestrado em Sanidade e Produção Animal nos Trópicos da Uniube, Joely Bittar e Eustáquio Resende Bittar, iniciou a pesquisa de doutorado sobre um protozoário que acomete várias espécies de animais e também o homem: o Cryptosporidium. O objetivo é pesquisar a sazonalidade da doença e, em parceria com ONGs da causa animal, testar cães que foram resgatados e vivem nos abrigos. 


A criptosporidiose é uma doença causada por um protozoário intestinal, e pode ser transmitida através da ingestão de água ou alimentos contaminados, e o contato com animais ou humanos infectados. "A doença acomete várias espécies de animais, porém é uma zoonose, por isso se torna importante para saúde pública. Principalmente os cães têm um grande estreitamento da relação com o ser humano, e vemos que hoje em dia o pet é tratado como membro da família, e por ser uma zoonose, isso pode facilitar a transmissão para o tutor", explica Cleibiane.


A doença se manifesta em animais e humanos de forma semelhantes, porém, também se apresenta de maneira assintomática. "Existem medidas de prevenção e controle dessa doença, só que é uma doença que não é muito pesquisada como outras doenças parasitoses, bacterianas ou virais. Ela se manifesta de forma sintomática, e o principal sintoma é diarreia. Quando um cão chega com esse sinal clínico, geralmente a principal suspeita não é criptosporidiose, por existirem outras parasitoses e doenças bacterianas e virais com essa característica. E temos também a forma assintomática, em que o animal está aparentemente bem, mas pode transmitir para o homem e para outros animais", explica.


A parceria com as ONGs possibilita que a testagem seja realizada em animais de todas as regiões do município. "A intenção é estreitar os laços desse relacionamento entre o Hospital Veterinário da Uniube e as ONGs, já que ali é um ambiente com vários animais. Com isso, conseguimos ter uma amplitude da prevalência, afinal, são animais de várias partes da cidade por serem cães resgatados. Conseguimos ter uma noção maior com essa quantidade de animais, e podemos dar um retorno para essas ONGs a respeito do manejo ambiental para prevenção e controle da doença", finaliza.


A doença


O Cryptosporidium é um protozoário e causa a criptosporidiose, que é uma infecção intestinal. Além disso, é considerada uma zoonose, que se caracteriza por ser transmissível entre os animais e o homem, representando uma importante ameaça à saúde e ao bem-estar da população.


"O Cryptosporidium ganhou um grande impacto com o advento da AIDS, porque ele é um protozoário oportunista e por ser uma zoonose, ele acomete um grande número de indivíduos, e tem muita importância para HIV Aids ou imunossuprimidos. Nesses pacientes, ele permanece por longos períodos causando quadros de diarreias intensas que podem, muitas vezes, levar esses pacientes a óbito pela perda hidroeletrolítica", explica a médica veterinária, doutora e orientadora do projeto, Márcia Benedita.


A doença é transmitida através da ingestão de água e alimentos contaminados ou do contato com animais e humanos contaminados. O principal sintoma em cães é a diarreia. Em humanos, pode apresentar sintomas como diarreia líquida abundante, com cólica abdominal e, em alguns casos, náuseas, febre e mal-estar. "Como perspectiva futura, pretendemos observar se os humanos tratadores desses animais também vão apresentar esse protozoário. Além disso, vamos pesquisar outras parasitoses, porque o mesmo exame que fazemos para o agente pode acabar detectando alguma outra doença também. Se detectarmos outra parasitose, conseguiremos verificar outras doenças ali e orientar", reforça Cleibiane.


Para obter o diagnóstico, é necessário realizar um método específico. "A forma que encontramos o protozoário nas fezes dos cães e dos pacientes infectados é chamada oocisto, ele é muito pequeno e dificilmente é visualizado em métodos de rotina de laboratórios, seja para diagnóstico humano ou animal. É preciso fazer um método específico que utilizamos, o esfregaço de fezes corado, por um método chamado Coloração de Ziehl-Neelsen modificado. Os laboratórios não fazem isso em rotina, e temos poucos relatos em cães ou em gatos e outros animais de estimação. Por isso, não temos uma real prevalência disso nessa população de animais, e o quão isso está relacionado com as infecções humanas", finaliza Márcia.


Hospital Veterinário da Uniube


O Hospital Veterinário da Uniube (HVU) é o campo de prática do Curso de Medicina Veterinária da Universidade de Uberaba, inaugurado no dia 03 de agosto de 2000. É referência no atendimento de pequenos e grandes animais com profissionais qualificados nas mais diversas especialidades em Medicina Veterinária, e um dos mais modernos e bem equipados da região, com infraestrutura adequada e direcionada para o aprendizado prático dos alunos do curso de Medicina Veterinária.


A Uniube conta com o programa de Pós-graduação em Sanidade e Produção Animal nos Trópicos, que visa a formação do aluno para a docência, a elaboração e a condução de pesquisas. "Os exames parasitológicos de fezes serão realizados no laboratório de pesquisa do mestrado em Sanidade e Produção nos Trópicos, e terá participação de um aluno do curso de Medicina Veterinária, que é bolsista de Iniciação Científica. A pesquisa é importante para a universidade e para a comunidade, porque com base nos resultados obtidos poderemos implantar, junto ao Hospital Veterinário da Uniube, o diagnóstico para a Criptosporidiose", ressalta a médica veterinária, professora e doutora, Joely Bittar.


Para o diretor de saúde da Uniube, Iraci Neto, o projeto agrega valor à causa animal e reforça um dos pilares da universidade: a pesquisa. "A vocação principal da instituição é a formação acadêmica, o aprendizado e o conhecimento por um ciclo de formação, passando pela graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado.  A instituição tem seu hall de professores e docentes, profissionais capacitados, competentes e estudiosos, e que fazem pesquisa. A instituição tem o seu papel social, e está inserida na gestão do contrato com o município, para prestar serviço público à sociedade na causa animal e agregar valores à essa causa social. A partir disso, vamos evoluir muito nas pesquisas, afinal, é uma necessidade e prioridade da instituição", afirma.