Janeiro Dourado: médico do esporte fala sobre o mês de conscientização da saúde do atleta | Acontece na Uniube

Janeiro Dourado: médico do esporte fala sobre o mês de conscientização da saúde do atleta

23 de dezembro de 22
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Em janeiro é comemorado o mês de conscientização da saúde do atleta. A campanha teve início em 2015 pela Sociedade Paulista de Medicina do Exercício e do Esporte, e surgiu a partir de campanhas como Outubro Rosa e Novembro Azul. O intuito é incentivar a prática segura de exercícios físicos, por meio de um acompanhamento multiprofissional, com o objetivo de proteger a saúde do esportista. O médico especialista em Ortopedia e Medicina do Esporte, José Martins Juliano Eustaquio, explica um pouco mais sobre a importância da campanha em entrevista.


- Por que janeiro e qual o significado da cor dourada para essa conscientização?


José Martins: A referência a janeiro é por ser o primeiro mês do ano, que é uma época em que as pessoas decidem realizar mudanças no estilo de vida. E o dourado é em referência à medalha de ouro, não no sentido de que a campanha se preocupa apenas com atletas, mas sim que o ouro remete ao sucesso e, no caso da campanha, seria o sucesso em adquirir um estilo de vida mais ativo e saudável.


- Como é a campanha em Uberaba? Quais ações são desenvolvidas?


José Martins: Através da ajuda do então vereador Alan Carlos, em dezembro de 2017, conseguimos que essa campanha fosse aprovada como projeto de lei, que instituiu a Campanha Janeiro Dourado no calendário da cidade. Nos anos de 2018, 2019 e 2020 realizamos, com grande sucesso, no mês de janeiro de cada ano, eventos de atendimento médico voltado para o público esportista, além de um evento esportivo no último domingo do mês de cada ano. A pandemia e as mudanças no cenário esportivo da cidade, em nível municipal, não permitiram maiores ações nos anos de 2021 e 2022, mas seguimos com campanhas de conscientização sobre a importância de se preocupar com a saúde do praticante de exercícios físicos.


-  Sabe-se que a procura por exercícios físicos tem aumentado cada vez mais. Qual é o papel, neste caso, do médico do esporte na rotina dessas pessoas?


José Martins: O médico do esporte é o profissional que cuida da saúde global de todos aqueles que realizam ou pretendem iniciar exercícios físicos, com objetivos preventivos e também terapêuticos. É importante destacar que o exercício físico traz uma série de benefícios para a saúde das pessoas, mas se realizado de forma inadequada, pode acarretar patologias musculoesqueléticas e até levar a eventos graves, como a morte súbita. Por isso, é primordial o conhecimento de todos sobre essa campanha.


- Quais os principais agravantes que podem acometer aqueles que não possuem na rotina a realização de exames periódicos?


José Martins: Para a pessoa que vai iniciar um programa de exercícios físicos, a busca inicial por uma avaliação médica tem como objetivo principal diagnosticar alguma particularidade que possa ser agravada durante a prática dos exercícios ou que possa contraindicar a realização de determinada modalidade esportiva. Essa avaliação médica inicial, junto com a avaliação do profissional de Educação Física, vai também nortear a pessoa quanto à melhor modalidade a ser praticada. Já para o esportista ou atleta, o acompanhamento médico periódico visa a garantia da manutenção de parâmetros fisiológicos adequados para a prática do exercício, o que automaticamente reflete na segurança de que essa prática está repercutindo de forma positiva para a saúde corporal, na prevenção de lesões e também na melhora da performance esportiva.


Além disso, não podemos nos esquecer de eventos graves que podem ser desencadeados por determinada prática esportiva, como a morte súbita. Esse evento é causado não só por patologias cardíacas (que podem ser congênitas ou adquiridas), mas também por causas metabólicas. Por isso, o acompanhamento médico é mandatório em qualquer pessoa que realize exercícios físicos.


- Para os praticantes de exercícios físicos regulares, quais sinais/sintomas devem-se atentar para a busca imediata de assistência médica?


José Martins: Para o esportista, que é um público que não visa a performance, a realização de exercícios associada com qualquer tipo de dor é um sinal de preocupação quanto à existência de alguma patologia sistêmica. Por outro lado, para o atleta profissional ou semiprofissional, devido principalmente ao grande volume de treinos e de competições, a dor torna-se um sintoma "fisiológico" que, na maioria das vezes, não é investigada, mas sim apenas tratada.


Além disso, de uma forma geral, achados clínicos que surgem ou são agravados com a prática de exercícios, como taquicardia anormal ao esforço, dispneia, tonturas, síncope ou pré-síncope, cefaleia de forte intensidade, dentre outros semelhantes são sinais de gravidade e que indicam a procura por um profissional médico com a máxima prioridade.


- Como é nosso ensino de Medicina do Esporte aos alunos? 


José Martins: O curso de Medicina da Uniube conta com o componente de Medicina Esportiva no sexto período, o qual sou o professor, e que faz parte da Disciplina de Saúde e Sociedade. A Medicina Esportiva na graduação está formatada em sete aulas e mais uma prova teórica. Ela tem o objetivo principal de apresentar esse universo da Medicina voltado para a prática de esportes, com aulas sobre Conceitos Fundamentais em Medicina Esportiva, Traumatologia Esportiva, Fisiologia do Exercício, Cardiologia Esportiva, Noções básicas de primeiros socorros nos esportes, dentre outras. Além disso, a Liga Acadêmica de Medicina Esporte (LAME) da Universidade de Uberaba também desenvolve atividades voltadas para o estudo da Medicina Esportiva.


- Somos uma das poucas universidades do país a ofertar um componente completo de Medicina Esportiva. Quais são os pontos positivos dessa oferta ao graduando? 


José Martins: A introdução da Medicina Esportiva dentro da graduação em Medicina da Universidade de Uberaba é motivo de destaque, pois isso é fundamental para o crescimento da especialidade no nosso País. Quando colegas de renome dentro da especialidade tomam conhecimento disso, logo questionam como isso foi possível. Grandes Instituições do Brasil, muito por motivos burocráticos, não conseguiram realizar essa conquista. Aliado ao fato de muitos recém formados atualmente optarem por atuar na área, isso é mais um dos fatores que torna a Universidade de Uberaba uma Instituição de destaque nacional nesse foco.


A Medicina Esportiva é uma especialidade antiga, porém o número de especialistas vem crescendo de forma progressiva nos últimos anos, já que apresenta um mercado com muitas opções de trabalho. Mostrar ao acadêmico o dia a dia do médico do esporte e as principais opções de atuação profissional são dois dos grandes objetivos nas aulas teóricas. Além disso, a especialidade abrange muitos conteúdos teóricos que são importantes até mesmo para a atuação do médico generalista e não são abordadas em outras especialidades durante qualquer curso padrão de Medicina.


Apoio aos Esportes Uniube


O apoio aos esportes de alto rendimento faz parte do novo posicionamento da marca Uniube. O processo, iniciado no ano passado, coloca a Universidade na disputa do mercado nacional entre os grandes grupos educacionais do país, marcando presença em grandes eventos esportivos como: Brasileirão Série B, Campeonato Mundial de Vôlei, Liga Nacional de Futsal e apoio às atletas Duda Lisboa e Ana Patrícia, campeãs mundiais, nova dupla brasileira do vôlei de praia com vistas à disputa dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.