Do
antigo "Sertão da Farinha Podre", passando
pela condição de arraial até
alcançar o status de cidade. Nome —
Uberaba,
originário do Tupi-guarani, Y-Beraba,
que quer dizer águas claras e brilhantes.
Para homenagear seu fundador, ficou conhecida
como "Terra de Major Eustáquio". Sua
posição geográfica a colocou
como porta de entrada para as províncias
de Goiás e Mato Grosso. Não demorou
para que o povoado se tornasse importante entreposto
comercial para a região do Brasil Central.
Para o seu crescimento, contribuiu uma pecuária
forte, o que valeu para Uberaba o título
de "Capital do Zebu". A atividade experimentou
dura crise nos anos 40, provocou "quebradeira"
entre pecuaristas, e o comércio sentiu
as conseqüências.
Foi
nessa mesma década de 40, mais precisamente
em 27 de novembro de 1947, que a iniciativa
de um homem que, por opção, decidiu
ser educador representou para Uberaba um marco
importante em seu desenvolvimento. Estava criada
e entrava em funcionamento a Faculdade de Odontologia
do Triângulo Mineiro. Seu fundador, Mário
Palmério, o mesmo que, com seu arrojo
e visão futurista, abriria, até
1956, outras duas importantes faculdades —
Direito e Engenharia Civil. Também teve,
como político, papel
importante na criação do primeiro
curso de Medicina de Uberaba, hoje UFTM.
A
migração de jovens de várias
partes do Brasil, em busca de formação
superior, daria a Uberaba, já no início
da segunda metade do século passado,
o importante título de "Cidade Universitária",
privilégio, na época, de poucos
municípios brasileiros. Em suas ações
como educador, incluem-se ainda a fundação
do Liceu do Triângulo Mineiro (1940),
o processo de fusão com a Fista —
Faculdades Integradas Santo Tomás de
Aquino (1981), a criação de dezenas
de outros cursos e a transformação,
em 1988, da estrutura conhecida como Faculdades
Integradas de Uberaba — Fiube — em
Universidade
de Uberaba.
Com
o reconhecimento por parte do MEC, a Instituição
ganhou autonomia e iniciou, a partir de 1996,
um processo de profundas e importantes mudanças
em sua estrutura acadêmica. Hoje, a Uniube
possui campus em Uberaba e Uberlândia,
além de uma unidade na cidade de Araxá.
Oferece 38 cursos de graduação
e quatro cursos tecnológicos de curta
duração. Seu programa de Pós-Graduação
inclui um Mestrado em Educação
e especializações em diferentes
áreas do conhecimento. Mantém,
ainda, a oferta semestral de diversos cursos
de extensão. Em 2004, a Instituição
foi pioneira no lançamento de um programa
voltado, exclusivamente, para egressos de escolas
públicas. Antes mesmo que o governo federal
criasse o Prouni, a Uniube já havia promovido
a instalação do Proem e, em apenas
um ano de funcionamento, beneficiado mais de
cinco mil jovens. Em junho de 2005, outra grande
conquista: o reconhecimento junto ao MEC para
a oferta de cursos na modalidade de educação
a distância. É, sem dúvida
alguma, uma das mais importantes instituições
de ensino superior do Brasil Central.
Neste
domingo, 27 de novembro de 2005, a Uniube comemora
58 anos de funcionamento. Desde a criação
da primeira faculdade até os dias atuais,
já se passou mais de meio século.
Ao longo de todos estes anos, a Instituição
tem se preocupado com a oferta de um ensino
de qualidade. Na área social, é
responsável, anualmente, pelo atendimento
gratuito a milhares de pessoas carentes. Tem,
ainda, participação importante
na economia do município e fundamenta
suas ações no binômio "Educação
e Responsabilidade Social".
Mário
Palmério, o pioneiro, também foi
político.
Cumpriu três mandatos como Deputado Federal
pelo PTB — Partido Trabalhista Brasileiro.
Atuou como Embaixador do Brasil no Paraguai,
entre 1962 e 1964, durante o governo de João
Goulart. Foi escritor, autor dos livros "Chapadão
do Bugre" e "Vila
dos Confins", obras que lhe valeram o título
de imortal da Academia
Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira
número dois, na vaga de Guimarães
Rosa.
Por
tudo isso, Uberaba, que já foi "Sertão
da Farinha Podre", "Terra de Major Eustáquio"
e "Capital do Zebu", bem que também poderia
ser reconhecida como sendo a "Terra de Mário
Palmério", esta mesma terra que o educador,
político e escritor projetou para o Brasil.
Seria, se assim quiserem os uberabenses, um
reconhecimento justo ao homem que deixou como
principal legado a educação.
